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Apesar de terem se tornado ainda mais presentes na nossa realidade sanitária nos últimos anos, provocando endemias e pandemias, as zoonoses têm sua relevância desconhecida por muitas pessoas, mas demandam uma atenção sanitária constante por parte de sociedade e governos.

Identificadas em mais de 200 tipos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e caracterizadas como doenças ou infecções que naturalmente se transmitem entre os seres humanos e os animais vertebrados (e vice-versa), as zoonoses possuem três categorias principais que ajudam a entender um pouco mais sobre como elas contaminam e atuam no organismo; são elas as antropozoonose, zooantroponose  e anfixenose.

  • Antropozoonose: são as doenças dos animais que passam para as pessoas a partir do contato com a saliva de bichos contaminados, como é o caso da raiva, uma das conhecidas, e que provoca febre, dor de cabeça e espasmos musculares. 
  • Zooantroponose: são as doenças transmitidas pelos humanos para os animais através do contato com secreções ou alimentos contaminados. Um exemplo é a tuberculose bovina, que acomete principalmente bovinos e búfalos com lesões internas em órgãos e tecidos. 
  • Anfixenose: são caracterizadas por doenças que possuem a mesma intensidade de transmissão humano-animal e animal-humano, seja de forma indireta pela ingestão ou direta pelo contato. Um tipo de zoonose classificada como anfixenose são os estafilococos, patógenos que causam principalmente febre, mal-estar e dor de cabeça.

O que este artigo aborda:

Cachorro doente em um veterinário
Cachorro doente em um veterinário
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Impacto e responsabilidade das autoridades sanitárias


Zoonose é uma questão de saúde pública que demanda o desenvolvimento e acompanhamento de medidas sanitárias constantes, visando o controle e a proteção da saúde animal e humana. Afinal, algumas das principais epidemias, como ebola, HIV e gripe, surgiram como zoonoses. 

Segundo a OMS, 75% das doenças infecciosas classificadas como emergentes, ou seja, aquelas que são recém-identificadas, têm origem animal. Dados como esse são preocupantes, pois especialistas afirmam que a tendência é que nos próximos anos seja observada uma maior recorrência no número das doenças emergentes. 

Embora falte saneamento básico em muitas regiões brasileiras, o que contribui com a proliferação e contaminação dos patógenos, o Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses, do Ministério da Saúde, indica as principais diretrizes a serem seguidas pelos estados e municípios para a identificação, investigação e controle de variados tipos de zoonoses em diferentes espécies de animais. 

De acordo com o documento, desde 1990, o Brasil destina recursos para a implementação de unidades de zoonoses integradas ao SUS (Sistema Único de Saúde). As chamadas Unidades de Vigilância de Zoonoses (UVZ), conforme estabelecido pela Portaria MS/SAS nº 758, estão presentes em diversas regiões, seja por localização estratégica ou população.

O manual categoriza as políticas de monitoramento das zoonoses em programas de relevância nacional, regional e emergentes ou reemergentes. Contam com a vigilância ativa para ações sistemáticas e permanentes, a passiva que avalia e recepciona os animais nas  UVZs, com o objetivo de identificar as doenças, além das medidas e estratégias desenvolvidas para prevenção e controle, como educação em saúde, manejo ambiental, vacinação animal, entre outras. 

Como acontece com animais domésticos?


Uma das maiores dificuldades que barram o controle e a prevenção das zoonoses para os animais, além da escassez de saneamento básico, que afeta diversas áreas do país, é o abandono animal e a falta de conhecimento dos tutores quanto aos tipos de doenças, possíveis sintomas e tratamentos mais indicados. 

Entre as principais zoonoses que afetam os animais domésticos, estão:

Raiva

Transmitida pela saliva dos pets contaminados, seja com mordida ou lambida, a raiva tem alta taxa de mortalidade e demanda a vacinação em dia como medida de proteção. Agressividade, espumação ou salivação excessivas, falhas na coordenação motora, entre outros, são alguns dos sintomas.

Esporotricose

Causada pelo fungo Sporothrix schenckii, a esporotricose é disseminada através de arranhões ou mordidas de gatos contaminados. Entre os sinais mais observados, os bichanos apresentam na pele feridas profundas que infeccionam e não cicatrizam. 

Babesiose

Desencadeada pela contaminação com o protozoário Babesia canis, a babesiose infecciona os glóbulos vermelhos e pode provocar uma anemia grave nos cães, causando febre, vômitos, indisposição, urina escura ou com sangue como sintomas. Transmitida pelos carrapatos, pode ser prevenida com o uso contínuo de antipulgas, como o Simparic.

Giardíase

Provocada pelo parasita Giardia lamblia, que ataca o intestino delgado, a giardíase é transmitida por meio do contato com as fezes do animal. Ela se manifesta em diferentes sintomas, como mal-estar, vômitos, diarreia, fezes mucosas, flatulências, entre outros. Se não tratada, pode provocar perda de peso excessiva e desidratação.

Conhecer para prevenir

Não existe uma regra que determine como acontece a contaminação dos animais por uma zoonose, pois elas podem ser causadas por diferentes patógenos como vírus, bactérias, fungos e parasitas. Em geral, a transmissão ocorre através do contato com o próprio bicho ou com as fezes, urina, saliva, picadas, mordidas e arranhões, ingestão de água ou alimentos. 

Por isso, os tutores devem sempre manter uma boa alimentação e higienização dos ambientes como forma de prevenção. E, em caso de identificação dos sintomas, é preciso buscar acompanhamento médico para análise, seja em hospitais veterinários ou na Unidade de Vigilância de Zoonose do município ou mais próxima.

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